sábado, 24 de dezembro de 2011

OS ANTIDEPRESSIVOS FUNCIONAM MESMO?

O leitor menos avisado poderá estranhar o título do nosso artigo. Como os antidepressivos não funcionam se milhares de pessoas os utilizam e acabam por melhorar dos seus sintomas?

Antes de mais nada, precisamos definir o conceito da depressão como doença. Há que se fazer diferença entre os termos tristeza e depressão. Todos nós, em determinadas situações de vida, diante de dificuldades, perdas significativas ( materiais ou afetivas) ou revezes de qualquer natureza, podemos experienciar períodos de tristeza que tem o seu tempo certo de ir embora, sem que com isso tenhamos um prejuízo do ritmo de nosso dia a dia, nem tampouco sejamos diagnosticados como portadores de uma doença chamada depressão.

Existem critérios definidos pelos cientistas para conceituar a doença depressão. Trazemos, a título de ilustração, os critérios do CID – X ( Código Internacional de Doenças) para se caracterizar um episódio depressivo maior (doença depressão)

“ A. Cinco ( ou mais ) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 2 semanas e representam uma alteração a partir do funcionamento anterior: pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer.
( 1 ) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo (por ex., sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros ( por ex., chora muito)
Nota – em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.
( 2 ) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades.
( 3 ) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias.
( 4 ) insônia ou hipersonia (dormir muito) quase todos os dias.
( 5 ) agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias.
( 6 ) fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
( 7 ) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequação quase todos os dias.
( 8 ) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias.
( 9 ) pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.”

Evidentemente existe consenso entre os estudiosos do tema, que a depressão é um processo multifatorial que inclui fatores internos ao indivíduo, bem como elementos externos, advindos do meio que o circunda. Transcrevo para nossa análise, alguns dados recolhidos em matéria publicada na revista Mente e Cérebro ( Nov/2011 – www.mentecerebro.com.br):

“ Em 2008, os antidepressivos foram o oitavo tipo de droga mais prescrito em todo o mundo segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e geraram lucro de mais de US$ 20 bilhões para as empresas. Porém, eles não funcionam tão bem quanto os números levam a crer. Preferidos de pessoas que não sofrem de depressão, eles nem sempre ajudam os doentes. Isso leva a crer que na percepção do público sua eficácia tende a ser supervalorizada. Motivo: o setor farmacêutico sempre publicou principalmente estudos nos quais seus produtos eram bem avaliados. Se, por outro lado, o medicamento falhava, os dados não eram revelados. Vários pesquisadores já criticaram essa prática.”

É claro que existem milhares de pessoas que tem a doença depressão e que efetivamente se beneficiam dos medicamentos antidepressivos. Essa não é a questão. A sociedade atual está assentada em bases imediatistas que faz com que, cada vez mais as pessoas evitem ter que passar por estados emocionais profundos de dor, angústia ou sofrimento. É como se tivéssemos sempre que estar ótimos, funcionando bem e cheios de alegria. Se algo nos atormenta, tudo pode ser resolvido rápida e facilmente, sem muito esforço...basta que usemos as “pílulas mágicas da felicidade”...

Ainda citando a revista Mente e Cérebro:

“ Antidepressivos não tem garantias de sucesso tão fortes quanto as pessoas pensavam antigamente, resume o farmacologista Gerd Glaeske. Resultados modestos e efeitos colaterais consideráveis levam muitos especialistas a questionar se temos, realmente, um tratamento ideal para a depressão. Para chegar a isso, os psiquiatras e neurocientistas precisam ainda compreender melhor o que ocorre no cérebro de pessoas depressivas e qual o efeito exato dos diferentes fármacos. Enquanto isso, tem sido cada vez mais reconhecida a importância do acompanhamento psicoterápico no tratamento de qualquer tipo de depressão, aliado ou não aos medicamentos”

Em minha clínica, trabalhando com o conceito holístico do homem integral, mobilizamos para o tratamento da depressão recursos que envolvem os aspectos físicos, energéticos, emocionais e espirituais dos nossos pacientes.

Mas isso é matéria para um outro artigo...

Até a próxima!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O STRESS NOSSO DE CADA DIA

Anoitece e você sai do escritório após cumprir mais uma jornada de trabalho. No ponto do onibus a multidão (inclusive você) espera durante um bom tempo a condução que demora a chegar. Enquanto isso, o barulho das buzinas e o congestionamento do trânsito se constituem na “música” que vai torpedeando seus ouvidos. Ao lado, duas senhoras comentam o assalto à mão armada que assistiram pela manhã...Ufa! o onibus chegou! Após se espremer na massa humana, você consegue entrar no coletivo, e depois de uma hora de solavancos, apertos e freadas bruscas, o deixa no quarteirão de sua casa. Ao saltar, percebe um elemento suspeito que parece lhe estar seguindo...você aperta o passo, quase corre – o coração saltando pela boca...Mas, enfim, você conseguiu chegar em casa!

Lar, doce lar...A esposa lhe recebe com um sorriso nos lábios, mas você irritado, nem percebe. Só sente o corpo doído e uma vontade imensa de sumir, largar tudo e ir morar numa praia deserta. Você está estressado...

Para algumas pessoas, a situação descrita acima pode parecer exagerada, para outras não... O fato é que não existe hoje, no mundo civilizado, alguém que não tenha ouvido falar do stress. Segundo o dicionário Aurélio, stress é um “conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psiquica, emocional, infecciosa e outras capazes de perturbar-lhe a homeostase – a harmonia natural do corpo”.

O stress não é, em si próprio uma doença, mas um conjunto de respostas desencadeadas por múltiplos fatores. A resposta do corpo ao stress pode ser resumida da seguinte forma: a percepção de uma ameaça ou perigo eminente ou de um evento traumático é percebida pelo cortex cerebral que aciona certas áreas específicas do cérebro (sistema límbico e hipotálamo) ligados ao controle das emoções. Todas essas alterações movimentam o sistema glandular, fazendo com que as supra-renais aumentem a produção de corticosteróides (adrenalina e nor-adrenalina). Esses hormônios têm ação em praticamente todos os tecidos do corpo, alterando a resposta imunológica e favorecendo os processos infecciosos. Evidentemente, certo nível de stress não só é normal, como até desejável; o perigo é quando esse mecanismo se torna crônico e repetido.

Nessa situação, surgem consequências físicas e emocionais, como perda da concentração mental, irritabilidade, palpitações, suores frios e dores de cabeça. Os efeitos devastadores do stress crônico podem se estender até o sistema digestivo, provocando gastrites, ulceras ou dificuldades intestinais como prisão de ventre ou diarréia. No sistema circulatório, pode favorecer o aparecimento de doenças cardíacas, dores pré cordiais e anginas.

Vivemos hoje numa época que se caracteriza pela grande aceleração dos acontecimentos. Tudo acontece de forma vertiginosamente rápida e as pessoas habituaram-se a esperar soluções imediatas para suas dificuldades. Prova disso são os milhões de comprimidos de tranquilizantes vendidos anualmente no mundo inteiro pelas multinacionais farmacêuticas que faturam milhões e milhões de dólares, estimulando na cultura popular a fantasia de que uma pílula mágica poderá acabar com qualquer tipo de sofrimento que afete o ser humano. Como não temos a mínima paciência para conviver por pouco tempo que seja com qualquer nível de ansiedade, é mais fácil recorrer aos milagrosos comprimidos. Isso quando não se buscam outros derivativos como o alcool e as drogas ilícitas como escapismo e negação das próprias dificuldades.

Não podemos esquecer que para aprendermos alguma coisa, é necessário o exercício e a vivência de certas restrições e dificuldades que acabam sendo alavancas para o crescimento interior. Sugerimos como valiosos recursos para ajudar a combater o stress, a prática de yoga, qualquer tipo de meditação ou artes marciais, como o tai-chi-chuan, bem como um contato maior com a natureza – andar descalço na grama, pescar, cultivar plantas ou pequenas hortaliças, respirar ar puro ou apenas sentar-se sob a sombra generosa de uma árvore e ali ficar...

Como recurso para se escapar ou minimizar os efeitos danosos do stress em nossa vida cotidiana, foram inventadas as férias – espaço de tempo sonhado e esperado com ansiedade por todos os trabalhadores, onde podemos descansar, divertirmo-nos ou simplesmente não fazer nada. Essa parada é extremamente importante para o refazimento das energias físicas e emocionais.

É necessário, no entanto, ficarmos alertas pois até nesta hora, a “civilização” chega até nós, trazendo-nos a indústria do lazer que dita aquilo que devemos ou não fazer, desde que depois, paguemos tudo em suaves prestações mensais...

sábado, 10 de dezembro de 2011

AS NECESSIDADES HUMANAS

Pesquisas desenvolvidas pelo psicólogo Abraham Maslow apontam para a necessidade inata no Ser, de auto realização. Em seu livro mais conhecido – “A ordem hierárquica das necessidades” – afirma que será quase impossível desenvolvermos nosso potencial espiritual sem que nossas necessidades terrenas primárias não sejam satisfeitas.


De maneira bem ampla, podemos dividir as necessidades dos seres humanos em três níveis:

- PRIMÁRIAS – são aquelas que falam à sobrevivência básica no contexto biológico, ou seja, a obtenção de água, alimentação e reprodução da espécie.
- SECUNDÁRIAS – funcionam ao nível das emoções e do afeto. Dizem respeito às nossas relações com aqueles que nos cercam.
- TERCIÁRIAS – existem num plano mais elevado, quando buscamos a alimentação cósmica e a reintegração na Unidade.

Esses três níveis estão em constante processo de interação, ou seja – a cada momento buscamos segurança, auto realização e transcendência, muito embora nem sempre tenhamos consciência desta busca. Enquanto as necessidades primárias são satisfeitas na medida em que o Ser se lança à exploração do mundo exterior, na busca de comida ou de uma parceira para acasalar, por exemplo, as necessidades secundárias e terciárias somente são realizadas se fizermos um mergulho em nosso mundo interior. Quero dizer com isso que a satisfação de necessidades mais elaboradas está dentro de nós e na maneira com que interpretamos os acontecimentos à nossa volta.

A razão para tal equívoco está assentada nas bases materialistas da civilização ocidental. Desde crianças somos ensinados que as posses materiais oferecem segurança e poder e assim acreditamos que seremos felizes se houvermos acumulado bens de consumo. Aí se concentram as raízes do egoísmo desenfreado que campeia no mundo moderno e que é, a meu ver, a grande causa de muitos dos nossos sofrimentos.

Envolvidos pelas sutilezas da propaganda, acabamos por acreditar que precisamos de uma série de coisas materiais para obter a felicidade e o bem estar (esta é apenas uma verdade relativa, pois existem pessoas que possuem grandes fortunas e são infelizes). Adormecidos seguimos o impulso das massas sem questionarmos – será que eu preciso realmente deste novo produto? Sem parar para tentar responder a esta questão, seguimos em frente trabalhando mais e mais, dedicando horas de nossa vida que poderiam ser desfrutadas na companhia de nossos filhos para ganharmos mais e assim conquistarmos os prêmios que a sociedade de consumo nos oferece. Valerá a pena?...

Temos que, em caráter definitivo, recuperar o poder sobre nossa vida. Este poder que abrimos mão e transferimos aos outros ou às instituições para decidirem se seremos felizes ou sofredores precisa ser resgatado. Essa é a grande dica: a felicidade não está do lado de fora e sim dentro de você! E a chave de acesso a este tesouro que não se compra em nenhum shopping center do mundo é a crença de que você – e somente você pode com a sua vontade, chegar exatamente aonde acredita que pode. Você vive dentro dos limites que se auto impõe e o Universo se encarrega de confirmar suas crenças, trazendo-lhe asas para voar ou doando-lhe pesados grilhões que o deixarão preso ao solo. A escolha é sua!

Trecho do meu livro "Os caminhos do Ser - um guia para o autoconhecimento"

APRENDENDO A PERDOAR

“ Então, chegando-se Pedro a ele, perguntou: Senhor, quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, para que eu lhe perdoe? Será até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas que até setenta vezes sete vezes.”
(Mateus, XVII:15,21,22)

A terapeuta Robin Casarijian nos traz importantes colocações sobre o perdão em seu excelente trabalho – O livro do Perdão (ed.Rocco ):
“O perdão é essencial para a cura e para a experiência da nossa totalidade. No entanto, para experimentar essa totalidade, nenhuma parte de nós pode ser reprimida, negada ou passar despercebida. Assim como a nossa totalidade inclui grande sabedoria e uma capacidade extraordinária de amar, inclui raiva, ressentimento, hostilidade, vergonha e culpa, e, para muitas pessoas, fúria. Essas emoções muitas vezes permanecem ocultas e, quer estejam abafadas silenciosamente ou ardendo sob a superfície, enquanto não forem totalmente curadas, prejudicarão nossa capacidade de sermos felizes e de termos relacionamentos saudáveis e satisfatórios.”

O que essas belas palavras nos dizem? Não existe outro caminho para o equilíbrio e a saúde se não aceitarmos tudo que existe em nós. A partir da aceitação, aí sim poderemos deixar para trás o que não faz mais sentido, continuando a caminhada mais leves e descontraídos.

Perdoar não significa permanecer passivo em situações tóxicas ou abusivas. Você pode perdoar seu companheiro (a) e ainda assim se divorciar, ou perdoar seu chefe e pedir demissão do emprego. Nem mesmo importa que a outra pessoa venha a saber que você a perdoou. O que conta é o seu coração deixar ir embora todo sentimento negativo, livrando-se do vínculo doentio. O perdão é uma experiência totalmente subjetiva.

O ato de perdoar tira você de uma postura defensiva e faz com que acabe vendo com mais clareza os limites do outro. Isso resgata sua força e auto-estima. Então você encontra o caminho para se reconectar com o seu Eu interno que é divino e perfeito por natureza. Perdoar também faz você aprender a lição da humildade e a não julgar ninguém (lembra-se da história da mulher adúltera que foi salva do apedrejamento por Jesus, quando afirmou: “ – aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra..?)

Além de perdoarmos ao outro em nossos relacionamentos, precisamos exercitar o autoperdão. Sempre que transgredimos as normas do meio em que vivemos, somos passíveis de punição e sentimos o que poderíamos chamar de “culpa saudável”. Esse sentimento, ao ser elaborado satisfatoriamente nos proporciona a chance de ver as coisas de forma mais amadurecida e, portanto, torna-se um instrumento de crescimento. Até mesmo porque, nesse mundo em que vivemos, com grande frequência, aprendemos muito mais com os erros do que com os acertos.

Ao lado da culpa que nos faz crescer, existe o que se denomina de “culpa patológica” onde o indivíduo agarrando-se ao remorso persistente não se permite a elaboração do erro. Com isso acaba criando para si uma punição constante que pode acontecer das mais variadas maneiras, sob a forma de depressão, males psicossomáticos ou então atrair uma série de “desgraças” externas que só lhe fazem confirmar a condição de culpado e merecedor dos piores castigos. Para tais pessoas, muitas vezes só existe o caminho do espírito, ou seja a busca de reconexão com o Criador para que possam a partir daí iniciar o processo de perdão a si próprios.

Em sua obra citada, Robin Casarjian define: “ O autoperdão é o processo de (1) reconhecer a verdade; (2) assumir a responsabilidade pelo que você fez; (3) aprender com a experiencia reconhecendo os sentimentos mais profundos que motivaram os comportamentos ou pensamentos pelos quais você sente culpa e se julga; (4) abrir seu coração para si mesmo e escutar compassivamente os medos e os pedidos de socorro que estão dentro de você; (5) curar as feridas emocionais escutando esses pedidos de uma maneira responsável, saudável e amorosa; e (6) se alinhar com o seu Self e afirmar a sua inocência fundamental. Você pode ser culpado de algum comportamento particular; no entanto a sua personalidade essencial permanece inocente e digna de amor.”

Portanto, exercitar o perdão aos outros, bem como o autoperdão nos remete à vivência do amor incondicional que é o sentimento que nos dá vida e move as estrelas...

trecho do meu livro "Os caminhos do Ser - um guia para o autoconhecimento"

QUANDO É HORA DE PEDIR AJUDA

Por tudo que vimos observando até agora, fica evidente que o Ser Humano apresenta um impulso irresistível para o crescimento. Mesmo aqueles que não têm muita consciência e vivem meio que no “piloto automático” acabam por se deparar com situações nas quais a vida acaba lhes encostando na parede. São as crises, as perdas, as decepções que não marcam dia nem hora para se apresentar. Geralmente tentamos resolver os problemas sozinhos ou com o auxílio de alguma pessoa amiga. Entretanto, existem ocasiões em que a situação se complica e aí chega o momento de se recorrer a um profissional experiente que nos ajude a atravessar o que os místicos chamam de “a noite escura da alma”.

Uma coisa é certa; temos que concordar que procurar um aconselhamento profissional é difícil e resistimos até o último momento. O preconceito ainda é forte e diz que aquele que procura um psicoterapeuta está louco e, afinal de contas, nós não somos loucos, não é mesmo?...

Existem diversas correntes dentro da psicologia, cada uma com os seus métodos e ferramentas específicas para ajudar a pessoa em conflito. Umas são mais demoradas, outras têm um período breve. Em todas o importante é a questão da empatia, ou seja, terapeuta e cliente têm que estar sintonizados na frequência de mútua aceitação para que o processo possa lograr êxito.

Independentemente da linha que se é seguida, o processo terapêutico apresenta algumas fases bem definidas. Num primeiro instante, a pessoa que procura orientação está em crise, apresentando extrema dificuldade de relacionar-se com o mundo. traz consigo uma postura queixosa e não consegue ver saída para os seus problemas. Nesta fase é incapaz de perceber que também participa dos acontecimentos, acreditando não ter nenhuma responsabilidade pela produção dos conflitos em que se encontra.

Num segundo momento, com o auxílio do terapeuta, a pessoa passa a refletir sobre o próprio conteudo interior, adquirindo maior clareza sobre seus mecanismos de funcionamento na relação com as pessoas e com o mundo. Começa a perceber que entre ele e os outros há um processo de interferência mútua e que não deve se cristalizar na posição de vítima passiva dos acontecimentos.

É importante que a pessoa não espere respostas prontas ou uma espécie de solução para os seus problemas vindas mágicamente por parte do terapeuta. Costumo dizer que nenhum terapeuta cura ninguém – ele é apenas (e como é difícil sê-lo!) um facilitador no caminho da pessoa para que ela encontre suas próprias respostas. Ninguém vai lhe dizer – faça isso ou faça aquilo! Até porque os caminhos da vida são individuais e o que é bom para uma pessoa pode não o ser para outra.

Quanto mais avança o trabalho da psicoterapia, o cliente entra em outra fase que é a de perceber que pode recuperar o poder de transformar a própria vida, dando novo significado à sua participação no mundo e descobrindo uma nova postura em seus relacionamentos. Com isso, torna-se um indivíduo mais centrado, maduro, pronto a ver a vida com uma nova visão

Se você se encontra perdido, confuso diante de situações nas quais não sabe como agir, não hesite em procurar a ajuda de um profissional qualificado. A grande maioria das pessoas que se submete a processos de psicoterapia, reconhece a validade da ajuda e como tais recursos são importantes na melhora da sua qualidade de vida. Não é feio se ter problemas, nem deixaremos de ser nós mesmos ao admitirmos nossa fragilidade. Talvez nesse momento, ao aceitar que somos inseguros e imperfeitos, começaremos a construção de uma nova pessoa dentro de nós...

trecho do meu livro "Os caminhos do Ser - um guia para o autoconhecimento"

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

CRESCENDO SEMPRE

Do ponto de vista físico, nascemos pequenos e a medida que vamos nos alimentando, o organismo vai se desenvolvendo sob o impulso do processo do crescimento. O corpo vai se modificando, passando por sucessivas etapas de transformação até que na idade adulta, atingimos o apogeu do crescimento físico. A partir deste momento, se inicia o declínio gradativo das funções biológicas, ocorrendo o processo do envelhecimento de nosso organismo, até a extinção completa da energia vital que nos anima, chegando à morte.

Assim como existe o crescimento físico, também ocorre o crescimento emocional. E de que modo?

Trazemos dentro de nós, um conjunto de características (espirituais e genéticas) que, em contato com o tipo de educação recebido dos pais, irá promover o desenvolvimento (pleno ou restrito) de nossos aspectos emocionais. Mais à frente iremos conversar um pouco sobre as crenças que assumimos na infância e que vão determinar o futuro comportamento na vida adulta. Por enquanto, vamos ficar no processo do crescimento emocional. É evidente que se faz necessário o exercício da vontade consciente, pois nada acontecerá se ficarmos numa atitude passiva, esperando que as coisas venham de fora e que a felicidade e o bem estar caiam do céu. Como bem dizia Geraldo Vandré – “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”. O ritmo de crescimento psicológico da pessoa depende básicamente do conflito entre a necessidade de segurança e a oferta de estímulos. Costumo dizer que a vida pode ser comparada a um barquinho...podemos deixá-lo amarrado fortemente no cais e aí então estará a salvo de tormentas e perigos, muito embora condenado à estagnação sem cumprir seu destino básico que é navegar. Ao contrário, nosso barquinho poderá se desprender do cais e viajar léguas sem conta, descobrindo lugares maravilhosos e excitantes paisagens. Mas, tal atitude é muito arriscada!...

Sim...e daí? Viver plenamente implica correr riscos.

Infelizmente, a maioria das pessoas ainda faz opção por grossas correntes a amarrar seus barcos na beira de um cais velho e desbotado... afirmam com frequência preferir ficar como estão – mesmo sofrendo com isso – a escolher a mudança e partir rumo ao desconhecido. Como diz Edoardo Giustti, em seu livro A Arte de Reencontrar-se – “ Agindo dessa forma a pessoa só procura justificativa para poder repetir sem fim o velho espetáculo de lamentar-se. Todos os dias encontramos rostos frustados que se movimentam como se robotizados, perpetuando sua própria insatisfação, incapazes e impotentes de saírem do círculo vicioso.”

Crescer portanto, seria abandonar uma posição desconfortável mas conhecida por outra desconhecida na intenção de se alcançar um nível mais prazeroso e satisfatório de vida, mesmo que isto exija uma atitude corajosa de saltar rumo ao desconhecido. Muitas vezes, a vida em sua sabedoria natural acaba por nos “convidar” á mudança, através de situações imprevistas e até mesmo dolorosas. Trazemos indelevelmente marcado em nosso interior o impulso divino de seguir para a frente buscando sempre a felicidade e a paz. Este impulso é irresistível e, se tivermos sabedoria, tudo que temos de fazer é não dificultar as coisas e deixar que, naturalmente a felicidade se instale em nosso caminho.