sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A CASA MENTAL



É interessante de se observar como a Espiritualidade Superior vem dando suporte às pesquisas e desenvolvimento de conceitos formulados pela ciência terrena. Exemplo de tal fato vamos encontrar no livro No Mundo Maior, do espírito André Luiz – psicografia de Francisco Cândido Xavier (sua primeira edição foi em 1947),onde diversas informações  entram em total sintonia com os conhecimentos científicos atuais.
No terceiro capítulo deste livro, intitulado A Casa Mental, o instrutor espiritual Calderaro, esclarece a Andre Luiz em ocasião que visitavam um enfermo envolto em doloroso processo obsessivo:
“ – Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas  um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a “residência de nossos impulsos automáticos”, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo localizamos o “domínio das conquistas atuais”, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a “casa das noções superiores” indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro”.
Agora vejamos a incrível concordância da hipótese formulada pelo autor espiritual com a teoria do cérebro trino, criada pelo neurocientista Maclean (1990). Tal teoria tenta demonstrar que o cérebro humano é produto de um desenvolvimento que vem se processando há milhares de anos desde as espécies mais primitivas. Propõe este cientista que o cérebro pode ser dividido em três níveis. O primeiro destes níveis, o mais antigo, herdado dos répteis, está localizado no tronco cerebral e controla as reações e movimentos automáticos, os hábitos e os comportamentos condicionados. Coordena a entrada e saída de informações e é responsável por comportamentos de autopreservação e de preservação da espécie, como defesa de território, busca de alimento e parceiros para procriação.O segundo nível, compartilhado com mamíferos inferiores é composto por estruturas que formam o sistema límbico, situado ao redor do tronco cerebral. Corresponde ao substrato cerebral que motiva nossas tendências e desejos. É o que se costuma chamar de cérebro emocional.
E, por fim, o terceiro nível, aquisição dos mamíferos superiores, corresponde ao neocortex, constituído pelos lobos frontais e temporais. Aparelha o homem para atividades mais complexas como a capacidade de abstração simbólica e de autopercepção enquanto indivíduo, sendo também responsável pela síntese de todas as informações processadas pelo tronco cerebral e pelo sistema límbico, agora de modo consciente.
Concluímos, voltando aos estudos apresentados pelo instrutor Calderaro a André Luiz que nós, espíritos encarnados na atual faixa evolutiva em que nos encontramos transitamos pelos três andares da casa mental, dependendo do foco de nossa atividade em determinado momento. Se faz necessário,  contudo que não nos fixemos em uma determinada região, o que nos ocasionaria sérios embaraços ao nosso desenvolvimento. Ao leitor interessado, sugiro a leitura completa desta magnífica obra que, a meu ver, constitui-se em verdadeiro tratado de saúde mental.


domingo, 17 de setembro de 2017

A QUESTÃ0 D0S PARADIGMAS




É importante  que seja discutido o sentido da palavra “paradigma” termo utilizado pela primeira vez por Thomas Kuhn em seu livro “ A Estrutura das Revoluções Científicas “ (1962) que o definiu da seguinte forma:
“um paradigma é um esquema para a compreensão e explicação de certos aspectos da realidade.”
A maneira de se ver a realidade não é extática, muito pelo contrário, seu caráter dinâmico a faz sempre ser influenciada pela cultura vigente, dela não podendo fugir. Para citar um exemplo de fácil compreensão, vamos lembrar que na antiguidade pensava-se ser a Terra fixa e o sol, bem como os demais planetas é que giravam ao seu redor. Esta era a realidade estabelecida desde os estudos de Ptolomeu no Egito. Todos acreditavam sem contestação neste conceito e esse paradigma (geocêntrico) durou séculos até que outro cientista, Nicolau Copérnico com suas pesquisas, posteriormente abraçadas por Galileu veio demonstrar que era a Terra (bem como os demais planetas) que girava ao redor do sol (paradigma heliocêntrico).
Podemos observar que o conhecimento humano vem evoluindo em fases alternantes de calmaria e agitação, onde crenças tidas como imutáveis são refutadas e substituídas por novas formas de pensar.
Um conjunto de idéias (paradigma) é plenamente aceito como verdadeiro até que venha a ser contestado por indivíduos inquietos intelectualmente que acabam desenvolvendo novas formas de encarar velhas idéias. Esses pesquisadores, verdadeiros pioneiros, são considerados “loucos” e visionários pelo establishment, sendo com freqüência discriminados e queimados nas fogueiras da intolerância acadêmica. Alguns desses indivíduos são mesmo loucos e acabam esquecidos; outros, entretanto, são capazes de enxergar além do seu tempo, ver o que a maioria dos comuns não consegue sequer imaginar e acabam fincando as balizas de novos paradigmas, trazendo salutar renovação para o conhecimento que, desta maneira, se atualiza e amplia cada vez mais.
Liberto dos tentáculos asfixiantes do dogmatismo religioso que dominou toda a idade média, o homem começou a mergulhar na busca das causas das coisas, direcionando o foco das suas investigações para a intimidade da matéria. Dessa forma assistimos ao nascimento do pensamento científico ocidental, estruturado nos trabalhos de duas grandes figuras da humanidade – René Descartes e Isaac Newton.
O matemático e filósofo francês influenciou o conhecimento com o seu método analítico, onde decompunha o objeto de estudo em suas partes componentes, dispondo-as de forma lógica e plenamente entendível. Em toda sua obra percebe-se claramente a separação entre mente e matéria. Já o físico, matemático e astrônomo inglês Isaac Newton introduziu conceitos como a noção da gravitação universal e o movimento dos planetas, fundamentando os alicerces da física e da matemática que iriam se desenvolver até seu estágio atual, estabelecendo em toda comunidade científica uma maneira de ver as coisas – um paradigma baseado na estrutura material do universo.
O aspecto mecanicista/reducionista que caracteriza o paradigma newtoniano se consolidou com o desenvolvimento da teoria atômica da matéria. O universo passou a ser visto como uma gigantesca máquina e os cientistas passaram a buscar o completo domínio da natureza. Data desta época o desenvolvimento da biologia, iniciando as primeiras pesquisas na área da genética.
Com o passar do tempo, o pensamento científico mecanicista não resistiu às descobertas da física quântica, iniciadas com a teoria da relatividade de Albert Einstein e com o estudo da natureza dual da luz que ora se comportava como onda, ora como partícula. Tais descobertas acabaram por abrir espaço para um novo modelo, o paradigma holístico (do grego holos = todo), onde o importante na compreensão dos processos e eventos que ocorrem no universo não são as partes que compõe esses processos e sim o seu conjunto e interatividade. Como as inúmeras peças de um quebra-cabeça que, quando misturadas de forma aleatória não fazem nenhum sentido, mas que agrupadas de forma coerente e visualizadas de maneira global, adquirem significado específico.
Muitas vezes, dois ou mais paradigmas podem coexistir ao mesmo tempo, o que acaba sempre acarretando disputas ferrenhas pelo poder do saber acadêmico. No momento atual, assistimos a uma transição de paradigmas, o que justifica a polêmica e a discussão dos diversos recursos da chamada medicina vibracional que levantam a questão dos componentes não físicos no ser humano. Enquanto o paradigma newtoniano enxerga o universo como uma imensa máquina que, para funcionar depende da integridade de suas peças, a visão holística, sem negar o determinismo das leis da natureza, percebe o universo como uma imensa teia derelações dinâmicas.
O paradigma newtoniano, ainda aceito pela ciência tradicional vem dominando amplamente nossa cultura há quase 400 anos e teve o mérito de enfrentar os rígidos dogmas da igreja que amordaçavam o pensamento humano durante toda a idade média. Entretanto, como todo paradigma, encerra uma filosofia subjacente que passa a ser a maneira como percebemos o mundo, ao nos libertar das crendices e superstições, mergulhou-nos num materialismo radical onde a realidade seria aceita apenas como tudo que nos impressionasse os sentidos físicos. Tal visão, sem dúvida, influenciou os costumes, a educação, as artes e os sistemas políticos de nossa época. O homem acabou perdendo o referencial espiritual, passando apenas a existir no reino da matéria, tendo como objetivo final, o domínio absoluto sobre a natureza e sobre o universo.