domingo, 17 de setembro de 2017

A QUESTÃ0 D0S PARADIGMAS




É importante  que seja discutido o sentido da palavra “paradigma” termo utilizado pela primeira vez por Thomas Kuhn em seu livro “ A Estrutura das Revoluções Científicas “ (1962) que o definiu da seguinte forma:
“um paradigma é um esquema para a compreensão e explicação de certos aspectos da realidade.”
A maneira de se ver a realidade não é extática, muito pelo contrário, seu caráter dinâmico a faz sempre ser influenciada pela cultura vigente, dela não podendo fugir. Para citar um exemplo de fácil compreensão, vamos lembrar que na antiguidade pensava-se ser a Terra fixa e o sol, bem como os demais planetas é que giravam ao seu redor. Esta era a realidade estabelecida desde os estudos de Ptolomeu no Egito. Todos acreditavam sem contestação neste conceito e esse paradigma (geocêntrico) durou séculos até que outro cientista, Nicolau Copérnico com suas pesquisas, posteriormente abraçadas por Galileu veio demonstrar que era a Terra (bem como os demais planetas) que girava ao redor do sol (paradigma heliocêntrico).
Podemos observar que o conhecimento humano vem evoluindo em fases alternantes de calmaria e agitação, onde crenças tidas como imutáveis são refutadas e substituídas por novas formas de pensar.
Um conjunto de idéias (paradigma) é plenamente aceito como verdadeiro até que venha a ser contestado por indivíduos inquietos intelectualmente que acabam desenvolvendo novas formas de encarar velhas idéias. Esses pesquisadores, verdadeiros pioneiros, são considerados “loucos” e visionários pelo establishment, sendo com freqüência discriminados e queimados nas fogueiras da intolerância acadêmica. Alguns desses indivíduos são mesmo loucos e acabam esquecidos; outros, entretanto, são capazes de enxergar além do seu tempo, ver o que a maioria dos comuns não consegue sequer imaginar e acabam fincando as balizas de novos paradigmas, trazendo salutar renovação para o conhecimento que, desta maneira, se atualiza e amplia cada vez mais.
Liberto dos tentáculos asfixiantes do dogmatismo religioso que dominou toda a idade média, o homem começou a mergulhar na busca das causas das coisas, direcionando o foco das suas investigações para a intimidade da matéria. Dessa forma assistimos ao nascimento do pensamento científico ocidental, estruturado nos trabalhos de duas grandes figuras da humanidade – René Descartes e Isaac Newton.
O matemático e filósofo francês influenciou o conhecimento com o seu método analítico, onde decompunha o objeto de estudo em suas partes componentes, dispondo-as de forma lógica e plenamente entendível. Em toda sua obra percebe-se claramente a separação entre mente e matéria. Já o físico, matemático e astrônomo inglês Isaac Newton introduziu conceitos como a noção da gravitação universal e o movimento dos planetas, fundamentando os alicerces da física e da matemática que iriam se desenvolver até seu estágio atual, estabelecendo em toda comunidade científica uma maneira de ver as coisas – um paradigma baseado na estrutura material do universo.
O aspecto mecanicista/reducionista que caracteriza o paradigma newtoniano se consolidou com o desenvolvimento da teoria atômica da matéria. O universo passou a ser visto como uma gigantesca máquina e os cientistas passaram a buscar o completo domínio da natureza. Data desta época o desenvolvimento da biologia, iniciando as primeiras pesquisas na área da genética.
Com o passar do tempo, o pensamento científico mecanicista não resistiu às descobertas da física quântica, iniciadas com a teoria da relatividade de Albert Einstein e com o estudo da natureza dual da luz que ora se comportava como onda, ora como partícula. Tais descobertas acabaram por abrir espaço para um novo modelo, o paradigma holístico (do grego holos = todo), onde o importante na compreensão dos processos e eventos que ocorrem no universo não são as partes que compõe esses processos e sim o seu conjunto e interatividade. Como as inúmeras peças de um quebra-cabeça que, quando misturadas de forma aleatória não fazem nenhum sentido, mas que agrupadas de forma coerente e visualizadas de maneira global, adquirem significado específico.
Muitas vezes, dois ou mais paradigmas podem coexistir ao mesmo tempo, o que acaba sempre acarretando disputas ferrenhas pelo poder do saber acadêmico. No momento atual, assistimos a uma transição de paradigmas, o que justifica a polêmica e a discussão dos diversos recursos da chamada medicina vibracional que levantam a questão dos componentes não físicos no ser humano. Enquanto o paradigma newtoniano enxerga o universo como uma imensa máquina que, para funcionar depende da integridade de suas peças, a visão holística, sem negar o determinismo das leis da natureza, percebe o universo como uma imensa teia derelações dinâmicas.
O paradigma newtoniano, ainda aceito pela ciência tradicional vem dominando amplamente nossa cultura há quase 400 anos e teve o mérito de enfrentar os rígidos dogmas da igreja que amordaçavam o pensamento humano durante toda a idade média. Entretanto, como todo paradigma, encerra uma filosofia subjacente que passa a ser a maneira como percebemos o mundo, ao nos libertar das crendices e superstições, mergulhou-nos num materialismo radical onde a realidade seria aceita apenas como tudo que nos impressionasse os sentidos físicos. Tal visão, sem dúvida, influenciou os costumes, a educação, as artes e os sistemas políticos de nossa época. O homem acabou perdendo o referencial espiritual, passando apenas a existir no reino da matéria, tendo como objetivo final, o domínio absoluto sobre a natureza e sobre o universo.

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