sábado, 10 de dezembro de 2011

APRENDENDO A PERDOAR

“ Então, chegando-se Pedro a ele, perguntou: Senhor, quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, para que eu lhe perdoe? Será até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas que até setenta vezes sete vezes.”
(Mateus, XVII:15,21,22)

A terapeuta Robin Casarijian nos traz importantes colocações sobre o perdão em seu excelente trabalho – O livro do Perdão (ed.Rocco ):
“O perdão é essencial para a cura e para a experiência da nossa totalidade. No entanto, para experimentar essa totalidade, nenhuma parte de nós pode ser reprimida, negada ou passar despercebida. Assim como a nossa totalidade inclui grande sabedoria e uma capacidade extraordinária de amar, inclui raiva, ressentimento, hostilidade, vergonha e culpa, e, para muitas pessoas, fúria. Essas emoções muitas vezes permanecem ocultas e, quer estejam abafadas silenciosamente ou ardendo sob a superfície, enquanto não forem totalmente curadas, prejudicarão nossa capacidade de sermos felizes e de termos relacionamentos saudáveis e satisfatórios.”

O que essas belas palavras nos dizem? Não existe outro caminho para o equilíbrio e a saúde se não aceitarmos tudo que existe em nós. A partir da aceitação, aí sim poderemos deixar para trás o que não faz mais sentido, continuando a caminhada mais leves e descontraídos.

Perdoar não significa permanecer passivo em situações tóxicas ou abusivas. Você pode perdoar seu companheiro (a) e ainda assim se divorciar, ou perdoar seu chefe e pedir demissão do emprego. Nem mesmo importa que a outra pessoa venha a saber que você a perdoou. O que conta é o seu coração deixar ir embora todo sentimento negativo, livrando-se do vínculo doentio. O perdão é uma experiência totalmente subjetiva.

O ato de perdoar tira você de uma postura defensiva e faz com que acabe vendo com mais clareza os limites do outro. Isso resgata sua força e auto-estima. Então você encontra o caminho para se reconectar com o seu Eu interno que é divino e perfeito por natureza. Perdoar também faz você aprender a lição da humildade e a não julgar ninguém (lembra-se da história da mulher adúltera que foi salva do apedrejamento por Jesus, quando afirmou: “ – aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra..?)

Além de perdoarmos ao outro em nossos relacionamentos, precisamos exercitar o autoperdão. Sempre que transgredimos as normas do meio em que vivemos, somos passíveis de punição e sentimos o que poderíamos chamar de “culpa saudável”. Esse sentimento, ao ser elaborado satisfatoriamente nos proporciona a chance de ver as coisas de forma mais amadurecida e, portanto, torna-se um instrumento de crescimento. Até mesmo porque, nesse mundo em que vivemos, com grande frequência, aprendemos muito mais com os erros do que com os acertos.

Ao lado da culpa que nos faz crescer, existe o que se denomina de “culpa patológica” onde o indivíduo agarrando-se ao remorso persistente não se permite a elaboração do erro. Com isso acaba criando para si uma punição constante que pode acontecer das mais variadas maneiras, sob a forma de depressão, males psicossomáticos ou então atrair uma série de “desgraças” externas que só lhe fazem confirmar a condição de culpado e merecedor dos piores castigos. Para tais pessoas, muitas vezes só existe o caminho do espírito, ou seja a busca de reconexão com o Criador para que possam a partir daí iniciar o processo de perdão a si próprios.

Em sua obra citada, Robin Casarjian define: “ O autoperdão é o processo de (1) reconhecer a verdade; (2) assumir a responsabilidade pelo que você fez; (3) aprender com a experiencia reconhecendo os sentimentos mais profundos que motivaram os comportamentos ou pensamentos pelos quais você sente culpa e se julga; (4) abrir seu coração para si mesmo e escutar compassivamente os medos e os pedidos de socorro que estão dentro de você; (5) curar as feridas emocionais escutando esses pedidos de uma maneira responsável, saudável e amorosa; e (6) se alinhar com o seu Self e afirmar a sua inocência fundamental. Você pode ser culpado de algum comportamento particular; no entanto a sua personalidade essencial permanece inocente e digna de amor.”

Portanto, exercitar o perdão aos outros, bem como o autoperdão nos remete à vivência do amor incondicional que é o sentimento que nos dá vida e move as estrelas...

trecho do meu livro "Os caminhos do Ser - um guia para o autoconhecimento"

Nenhum comentário:

Postar um comentário