quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O STRESS NOSSO DE CADA DIA

Anoitece e você sai do escritório após cumprir mais uma jornada de trabalho. No ponto do onibus a multidão (inclusive você) espera durante um bom tempo a condução que demora a chegar. Enquanto isso, o barulho das buzinas e o congestionamento do trânsito se constituem na “música” que vai torpedeando seus ouvidos. Ao lado, duas senhoras comentam o assalto à mão armada que assistiram pela manhã...Ufa! o onibus chegou! Após se espremer na massa humana, você consegue entrar no coletivo, e depois de uma hora de solavancos, apertos e freadas bruscas, o deixa no quarteirão de sua casa. Ao saltar, percebe um elemento suspeito que parece lhe estar seguindo...você aperta o passo, quase corre – o coração saltando pela boca...Mas, enfim, você conseguiu chegar em casa!

Lar, doce lar...A esposa lhe recebe com um sorriso nos lábios, mas você irritado, nem percebe. Só sente o corpo doído e uma vontade imensa de sumir, largar tudo e ir morar numa praia deserta. Você está estressado...

Para algumas pessoas, a situação descrita acima pode parecer exagerada, para outras não... O fato é que não existe hoje, no mundo civilizado, alguém que não tenha ouvido falar do stress. Segundo o dicionário Aurélio, stress é um “conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psiquica, emocional, infecciosa e outras capazes de perturbar-lhe a homeostase – a harmonia natural do corpo”.

O stress não é, em si próprio uma doença, mas um conjunto de respostas desencadeadas por múltiplos fatores. A resposta do corpo ao stress pode ser resumida da seguinte forma: a percepção de uma ameaça ou perigo eminente ou de um evento traumático é percebida pelo cortex cerebral que aciona certas áreas específicas do cérebro (sistema límbico e hipotálamo) ligados ao controle das emoções. Todas essas alterações movimentam o sistema glandular, fazendo com que as supra-renais aumentem a produção de corticosteróides (adrenalina e nor-adrenalina). Esses hormônios têm ação em praticamente todos os tecidos do corpo, alterando a resposta imunológica e favorecendo os processos infecciosos. Evidentemente, certo nível de stress não só é normal, como até desejável; o perigo é quando esse mecanismo se torna crônico e repetido.

Nessa situação, surgem consequências físicas e emocionais, como perda da concentração mental, irritabilidade, palpitações, suores frios e dores de cabeça. Os efeitos devastadores do stress crônico podem se estender até o sistema digestivo, provocando gastrites, ulceras ou dificuldades intestinais como prisão de ventre ou diarréia. No sistema circulatório, pode favorecer o aparecimento de doenças cardíacas, dores pré cordiais e anginas.

Vivemos hoje numa época que se caracteriza pela grande aceleração dos acontecimentos. Tudo acontece de forma vertiginosamente rápida e as pessoas habituaram-se a esperar soluções imediatas para suas dificuldades. Prova disso são os milhões de comprimidos de tranquilizantes vendidos anualmente no mundo inteiro pelas multinacionais farmacêuticas que faturam milhões e milhões de dólares, estimulando na cultura popular a fantasia de que uma pílula mágica poderá acabar com qualquer tipo de sofrimento que afete o ser humano. Como não temos a mínima paciência para conviver por pouco tempo que seja com qualquer nível de ansiedade, é mais fácil recorrer aos milagrosos comprimidos. Isso quando não se buscam outros derivativos como o alcool e as drogas ilícitas como escapismo e negação das próprias dificuldades.

Não podemos esquecer que para aprendermos alguma coisa, é necessário o exercício e a vivência de certas restrições e dificuldades que acabam sendo alavancas para o crescimento interior. Sugerimos como valiosos recursos para ajudar a combater o stress, a prática de yoga, qualquer tipo de meditação ou artes marciais, como o tai-chi-chuan, bem como um contato maior com a natureza – andar descalço na grama, pescar, cultivar plantas ou pequenas hortaliças, respirar ar puro ou apenas sentar-se sob a sombra generosa de uma árvore e ali ficar...

Como recurso para se escapar ou minimizar os efeitos danosos do stress em nossa vida cotidiana, foram inventadas as férias – espaço de tempo sonhado e esperado com ansiedade por todos os trabalhadores, onde podemos descansar, divertirmo-nos ou simplesmente não fazer nada. Essa parada é extremamente importante para o refazimento das energias físicas e emocionais.

É necessário, no entanto, ficarmos alertas pois até nesta hora, a “civilização” chega até nós, trazendo-nos a indústria do lazer que dita aquilo que devemos ou não fazer, desde que depois, paguemos tudo em suaves prestações mensais...

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