segunda-feira, 12 de março de 2012

RESGATANDO A AUTO ESTIMA

Sempre nos pautando na visão holística não podemos cair no equívoco de tentar entender o ser humano dissociado do seu meio ambiente e de seus relacionamentos. A saúde de um indivíduo resulta do seu mundo interno, bem como da maneira como interage com o mundo exterior.
Toneladas de papel já foram gastas na produção de livros de auto ajuda, nos quais encontramos desde conselhos óbvios e sensatos até sugestões mirabolantes e sem sentido. Um dos temas preferidos nesta área é a questão da auto estima.
Começamos a desenvolvê-la na infância, a partir de como as outras pessoas nos tratam. As crenças e valores dos pais (e ancestrais) são introjetados pelo indivíduo e vão funcionar como modelos, verdadeiras lentes pelas quais ele irá ver o mundo e a si próprio.
Gostar de si é fator primordial para a estruturação de uma vida saudável. Ao longo do desenvolvimento, a pessoa pode alterar seus programas e melhorar seu grau de auto estima. Outro aspecto interessante é que o indivíduo não apresenta o mesmo grau de auto estima nas diversas áreas de sua vida. Por exemplo, alguém pode ser plenamente seguro de si na área profissional mas sentir-se frágil e vacilante na vida afetiva ou vice-versa.
O primeiro passo para melhorar a auto estima é a identificação das crenças negativas que foram construídas no decorrer da vida. Tarefa esta, muitas vezes difícil, a exigir atenção e investimento em si próprio. A chave para se atingir tal objetivo está no conselho inscrito no portal do oráculo de Delfos na Grécia antiga – “ homem conhece-te a ti mesmo”. Em certas situações da vida, talvez seja necessário a busca de ajuda através de uma psicoterapia.
Muitas vezes quando crianças, percebíamos que se nos adaptássemos a determinados padrões, éramos recompensados com elogios e afeto. Com tal adaptação, vamos sutilmente nos afastando sem nos dar conta, de nossas reais necessidades. Ao crescer e se tornar adulto, o indivíduo vai reproduzir os padrões cultivados em seu intimo, como velhos programas instalados num computador, que tendem a se repetir indefinidamente até serem substituídos por versões mais modernas e adequadas às necessidades da vida madura.
Não se deve entender que não existam valores e padrões úteis e proveitosos. Estes devem ser mantidos e até mesmo aprimorados. O que precisamos é resgatar o contato com a nossa própria essência, compreendendo que a verdadeira sabedoria é se perceber do real tamanho que se é, nem maior, nem menor. É aceitar que somos seres humanos em construção permanente e que erros e fracassos também fazem parte do processo de crescimento. Negar a própria sombra é viver desconectado de si próprio, enquanto sua aceitação é o início do processo de se tornar uma pessoa inteira.
Todos nós temos três imagens representativas. A primeira é a de quem realmente nós somos. A segunda é aquela que os outros fazem da nossa pessoa e a terceira é a imagem que julgamos que os outros fazem de nós. É muito difícil que, na prática, essas três imagens coincidam totalmente. Grande numero de pessoas procura tentar corresponder à maneira pela qual julgam que os outros lhes vêem, mesmo que para isso tenha que ir contra a sua própria natureza, mutilando-se psiquicamente para serem aceitos.
É obvio que, ao vivermos em sociedade, naturalmente temos que nos adaptar às regras e padrões para viver uma vida razoavelmente equilibrada. Entretanto, esse nível de adaptação deve respeitar nossas convicções internas, sem o qual, corremos o risco de ser um ator a representar os papéis da vida, sem a vivermos de verdade.
Dentro dos vários modelos em que fomos criados, muitos deles nos colocam a imposição de que termos de ser vitoriosos a qualquer custo. A necessidade compulsiva de se agir sempre de forma perfeita acaba criando na pessoa uma ansiedade neurótica impossível de ser resolvida, pois uma das características que nos faz mais humanos é exatamente a imperfeição. Não que devamos nos acomodar e viver de qualquer jeito. Será sempre uma medida salutar que busquemos situações melhores e mais adequadas a uma boa qualidade de vida. Entretanto, devemos nos convencer de que, por enquanto, somos perfeitos apenas em nossa essência, e aqui estamos nesse mundo para concretizar nosso potencial divino. Somos seres em constante estado de vir a ser, em contínuo aprimoramento.
Desta forma, não se preocupe tanto com o seu desempenho, apenas procure viver e fazer tudo que tem por fazer de maneira ética, alegre e criativa. É bem verdade que, em certos períodos da vida, as coisas parecem não dar certo e uma nuvenzinha escura teima por permanecer sobre nossa cabeça. Não veja nessas circunstâncias, um terrível castigo dos céus, mas sim, procure entender o que este período ou essas circunstancias difíceis estão querendo ensinar para você. Esse é o caminho natural para o crescimento interior. Olhando a vida sobre esse prisma, você verá que a perfeição é impossível pelo simples fato de que não acabamos o “curso” e a cada novo dia, uma lição diferente será oferecida para sua reflexão.

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