sábado, 3 de março de 2012

A CRIANÇA INTERIOR

“ Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino de Deus”
Jesus Cristo.
A maioria das correntes em psicologia é enfática ao apontar os primeiros anos de nossa vida como fundamentais para a formação das crenças que vão nos acompanhar pelo resto da vida. As crianças, mesmo ainda dentro do útero materno, são extremamente sensíveis à atmosfera mental dos adultos que as cercam. Quando nascemos, passamos a sofrer a influência contínua dos nossos pais (ou das figuras que foram encarregadas de nos cuidar) num envolvimento energético e verbal constante no processo da educação. Evidentemente nenhum pai ou mãe irá desejar o mal para seu filho; entretanto não existe “educação perfeita”, pois só podemos transmitir aquilo que recebemos e nossos pais nos educam de acordo com o padrão com o qual foram educados por nossos avós.
Desde pequenos percebemos que, se agirmos de determinada maneira, recebemos a aprovação dos adultos, ao passo que outras atitudes provocam desaprovação e castigo. Passamos então a agir tentando conquistar a aceitação e nos acostumamos a ser “bonzinhos” e “obedientes”, criando desta forma uma roupagem social com a qual nos manifestamos no mundo, conquistando nosso espaço e garantindo a recepção de amor. Ao nos tornarmos adultos, acreditamos que esse disfarce usado durante tanto tempo seja a nossa real natureza, o que não é verdadeiro. Dessa forma, deixamos de ter contato com o que realmente somos e perdemos toda a espontaneidade nos relacionamentos o que acarreta frustração e dor. Nesse momento, ao perder a espontaneidade e a pureza de quem somos, deixamos de ser crianças e ingressamos no mundo dos adultos...
Quando crianças somos verdadeiras “esponjas” assimilando não só o ambiente vibracional em que vivemos como o estilo de vida e as crenças de nossos pais. Se são vencedores, naturalmente seremos também vencedores. Ao contrário, se tiverem feito a opção de viverem o fracasso, certamente não encontraremos outra coisa a não ser o fracasso pela frente. Também é claro que não importa muito o que os pais dizem e sim o que fazem no cotidiano. Suas atitudes é que serão o modelo a ser seguido pelos filhos.
Muitas vezes levamos para a vida adulta, os conflitos e carências da infância, repetindo no relacionamento com os outros o mesmo padrão de quando éramos pequenos. Isso, com certeza compromete nosso equilíbrio, pois a nossa criança interior ferida continua “dando as cartas” na vida adulta. Por exemplo: uma menina amava muito seu pai, mas este era alcóolatra e a maltratava com rudeza e agressividade. Com muita possibilidade, quando se tornar adulta, tendo introjetado o padrão de que não merece receber amor de qualquer figura masculina, esta pessoa passará a atrair homens que venham a confirmar suas crenças, ou seja – indivíduos rudes, agressivos e violentos.
Outro exemplo: se quando pequeno, seus pais eram muito rígidos e exigiam muito de você, com certeza agora como adulto você será uma pessoa dura consigo mesmo, se exigindo, criticando e não admitindo falhas. Ou seja – uma receita quase infalível para o sofrimento e a neurose, certo?
Com todo o processo de educação acabamos por consolidar uma série de crenças auto limitantes, principalmente ao acreditarmos na premissa de que não somos suficientemente bons e, portanto, não merecemos a felicidade. Essa postura é reforçada pela religião que faz com que acreditemos que o mundo é um “vale de lágrimas” e que aqui estamos para sofrer e pagar os pecados.
Também a cultura ocidental nos fez acreditar que os adultos têm de estar sempre sérios, trabalhando e tratando de assuntos muito importantes. A maioria de nós traz a criança interior ferida e/ou sufocada. Para adquirirmos a saúde integral nos caminhos do Ser, precisamos reconectarmo-nos com esta criança que habita em nós.
E como fazer isso?
Simples. Comece a brincar mais, faça coisas que não fazia desde pequeno (por exemplo, tocar a campainha das casas e sair correndo...) Compre um bom livro de piadas e conte-as a seus amigos. Leve sua esposa/noiva/namorada para comer pipoca num parque de diversões. Falte um dia ao seu trabalho e fique andando à toa. Coma cachorro quente sem guardanapo e se lambuze todo...
Mas calma! Não se assuste! Não quero que você veja em minhas sugestões um incentivo à irresponsabilidade e à anarquia. Isso por certo iria lhe trazer muitos problemas. Chamo a atenção apenas para que reflita e passe a olhar para as dificuldades da vida com outra visão. Ao invés de encaixar os problemas no velho chavão: “coisas chatas que acontecem só comigo e atrapalham a minha vida”, comece a fazer a pergunta certa: - por que esse tipo de obstáculo cruza com tanta frequência o meu caminho? O que será que preciso aprender com isso?
Convide amorosamente sua criança interna a vir à superfície, atualize-a e lhe permita ajudá-lo com a sua criatividade espontânea a ver tudo com mais alegria, fé e entusiasmo. Pratique mais a “criancice” e veja só como sua vida irá mudar!
Uma parceria equilibrada entre a criança que existe em seu interior e o adulto que você é, por certo lhe trará uma vida mais prazerosa. Se pensar desta maneira, vai ver que na próxima vez que fôr passear em algum parque de sua cidade, uma linda borboleta azul virá brincar com você...Saia da realidade e voe com ela, mergulhando nos seus sonhos...
Se entrarmos em contato com nossa criança interior dando-lhe amor e carinho, aceitando-a tal qual é, estaremos dando um importante passo no caminho da própria cura. Aí então, com esperança e criatividade poderemos dar nossa melhor contribuição para a cura do Planeta. Depende de nós...

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